Como funciona o laser no tratamento odontológico e na saúde bucal
Os lasers são divididos em duas categorias: cirúrgico (alta potência) e terapêutico. Os lasers cirúrgicos, por apresentarem alta potência, são utilizados principalmente para cortes, seja de tecido mole (incisões), ou em tecidos duros (remoção de cárie, corte em ossos). Seu funcionamento está baseado na vaporização tecidual, na qual uma alta quantidade de energia promove a destruição do tecido, com precisão e, conseqüentemente, o seu efeito desejado, que é o corte do tecido alvo, com as vantagens adicionais de proporcionar a coagulação e a descontaminação.

Por outro lado, os lasers terapêuticos ou de baixa potência são utilizados para acelerar os processos reparativos em diferentes especialidades na Odontologia, além de apresentarem ação satisfatória no controle da dor, promovendo efeito analgésico e melhorarem a resposta inflamatória. Por respeitar o limite de sobrevivência da célula, o laser de baixa potência apresenta efeitos diferentes dos lasers cirúrgicos. Para se ter uma idéia das potências das categorias dos lasers, nas terapias trabalha-se com potências aproximadamente na faixa de 30mW a 200mW, e nos lasers cirúrgicos de 1.000mW a 10.000mW.

A laserterapia tem se mostrado eficaz no tratamento da dor (hipersensibilidade dentinária, dores orofaciais, nevralgias); no tratamento dos distúrbios neurosensoriais (parestesias, paresias etc.); no tratamento da inflamação e na área de reparo ósseo (cirurgias e implantodontia). Também é importante destacar o uso dessa tecnologia no diagnóstico de cárie dentária e na fotossensibilização letal.

A utilização de alguns comprimentos de onda nos procedimentos cirúrgicos é reconhecidamente melhor que o uso de técnicas cirúrgicas convencionais, como no caso do laser de CO2 e laser de diodo. Dentre as vantagens do uso deste equipamento nas cirurgias de tecido mole, pode-se destacar um sangramento menor ou mesmo inexistente, campo seco, redução do edema e da inflamação, redução da dor, descontaminação do meio, redução do tempo para se realizar o procedimento, redução de custos para o profissional e para o paciente. O laser cirúrgico também é muito utilizado para a realização de biópsias em geral. Os lasers de alta potência, por suas características funcionais, requerem uma maior atenção dos profissionais, tanto na formação técnica quanto na estrita observância das normas de segurança.
Os lasers de baixa potência podem ser usados tanto em diagnósticos de lesões como para realização de terapias. Inúmeros são os tratamentos tanto de prevenção como de reparação realizados em lesões que acometem a cavidade oral, por exemplo aftas, herpes, mucosites, queilite angular, entre outras.

Laser: a luz para tratamentos odontológicos
A Odontologia vem se modernizando a cada dia. O laser – tão conhecido dos filmes de ficção científica – tem invadido os consultórios dentários de todo o mundo, facilitando o trabalho dos cirurgiões dentistas. E suas utilidades não são poucas. O laser possui efeito antiinflamatório e analgésico, com grande eficiência no combate a microorganismos como bactérias, fungos e vírus. Isso ajuda no tratamento de cáries, canal, herpes simples e zóster, HPV, cirurgias de tecido mole com sangramento mínimo e uma série de outras aplicações.
Laser para tratamento dos dentes: como tudo começou
Em 1960 o físico norte americano Theodore Maiman anunciou o funcionamento do primeiro laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation). Os primeiros estudos envolvendo laser e odontologia surgiram com Stern & Sognnaes em meados da década de 1960. Os dois cientistas utilizaram o Laser de Rubi (AI203) para vaporizar o esmalte dos dentes.

No Brasil os estudos tiveram início em 1990 com um grupo de professores da faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, a FOUSP (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo). Cinco anos depois, a própria FOUSP criou o LELO – Laboratório Experimental de Laser na Odontologia – um dos mais avançados centros no mundo dentro dessa área.

Vários tipos de laser podem ser utilizados na Odontologia. Os mais comuns são os de diodo,argônio, dióxido de carbono (CO2), érbio-YAG (Er:YAG) e neomídio-YAG (Nd:YAG). A sigla YAG designa um cristal sintético formado por óxido de ítrio e de alumínio. Com exceção do laser de argônio, os outros são invisíveis a olho nu.

De acordo com a concentração de energia no feixe de luz os lasers podem ser classificados como de baixa ou alta potência. A maioria das aplicações na área odontológica é feita com lasers de alta potência, em tratamentos curativos ou estéticos.
Pesquisas e avanços na utilização do laser na Odontologia
O laser apresenta atualmente uma infinidade de pesquisas em busca de melhorias de protocolos clínicos e entendimento dos mecanismos de ação. Independentemente dos tipos e focos das pesquisas, uma coisa é certa: existe um consenso de que, se utilizado de maneira correta, os benefícios do laser são inúmeros nos tratamentos tanto cirúrgicos quanto terapêuticos.

Em meados dos anos 1980 e 1990, trabalhava-se com os emissores à base de gases, os chamados lasers de Hélio-Neônio (He-Ne), que apresentavam custos elevados e emissores de potências muito baixas. Atualmente, com o advento dos diodos de diferentes tipos, existem emissores com custos mais baixos e, principalmente, com potências maiores, o que diminuiu o tempo de aplicação nas terapias e melhorou a casuística de resultados clínicos.

Uma outra área que tem sido muito pesquisada é a que trata da ação do laser na prevenção de cáries, na qual a irradiação com lasers de alta potência pode reduzir a profundidade das lesões provocadas por cáries dentárias. De acordo com uma pesquisa realizada na Faculdade de Odontologia da USP e na Universidade de Aachen, na Alemanha, essa técnica causa modificações químicas e estruturais no esmalte dentário e o torna mais resistente às lesões provocadas pela cárie. Outra pesquisa está relacionada à prevenção e ao tratamento da mucosite oral; complicação mais comum que ocorre em cavidade oral durante o tratamento de câncer. Esta alteração pode resultar em desconforto severo, interferindo na qualidade de vida do paciente devido à dor; distúrbios funcionais (como o comprometimento da mastigação, da deglutição e da fonação), distúrbios do sono e dificuldade de higienização. Além disso, essa complicação oral pode aumentar o risco de infecções locais e sistêmicas, uma vez que, dependendo do grau de severidade, há formação de úlceras que se tornam porta de entrada para microorganismos, podendo comprometer o estado de saúde geral do paciente. Os avanços dos estudos na área de fototerapia com laser em mucosite oral, nas duas últimas décadas, mostraram uma nova e promissora terapia que pode ser empregada na prevenção e no tratamento da mucosite oral.

FONTE: Março 2008 Ano Nº 42 -Nº 611 APCD Jornal